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Mostrando postagens de outubro, 2021

Algumas situações psicológicas de Round 6 (contém spoilers)

O Round 6 (Squid game) da Netflix mostra uma competição mortal em que as pessoas jogam jogos infantis por um prêmio em dinheiro, sob intensa pressão entre os competidores sobre o desempenho. Além de ser um sucesso de audiência entre público de diversas idades, os episódios de Round 6 também podem ser considerados um tesouro de conceitos de psicologia e sociologia. Muitos têm escrito sobre as mensagens subjacentes da série sobre o capitalismo e a luta de classes. Nesta postagem, quero destacar algumas das maneiras como ele também captura com precisão alguns princípios psicológicos básicos. A pressão melhora o desempenho produtivo. Até certo ponto. A premissa básica do programa é que várias centenas de pessoas declaradamente endividadas participam de uma competição para ganhar milhões de dólares, através de uma série de jogos infantis. Os perdedores são "eliminados" - isto é, mortos. As condições são perfeitas para ilustrar uma lei clássica que relaciona pressão e desempe

Estresse pós traumático: todos nós podemos passar por isto.

O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é um transtorno psiquiátrico que pode ocorrer em pessoas que passaram ou testemunharam um evento traumático, como um desastre natural, um acidente grave, um ato terrorista, guerra / combate ou estupro ou que foram ameaçadas de morte, tortura, violência de todas as espécies ou ferimentos graves. O TEPT começou a ser identificado durante os anos da Primeira Guerra Mundial, mas este transtorno não acontece apenas em veteranos de guerra. O TEPT pode ocorrer em todas as pessoas, de qualquer etnia, nacionalidade, nível sócio-econômico ou cultura e em qualquer idade. Pessoas este transtorno têm pensamentos e sentimentos intensos e perturbadores, relacionados à sua experiência, e que perduram por muito tempo após o término do evento traumático. Eles podem reviver o evento por meio de lembranças espontâneas ou pesadelos enquanto dormem; eles podem sentir tristeza, medo ou raiva; e podem se sentir distantes de outras pessoas por não achar que p

Narciso acha feio o que não é espelho.... Como identificar um narcisista!

  Você já ouviu falar em pessoas narcisistas? Pois é! É muito importante se amar para ter uma boa autoestima, mas o exagero desta autovalorização pode indicar que estamos diante de uma pessoa com traços de personalidade narcisista. Este é um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão exagerado de grandiosidade, necessidade de recebimento de elogios, promoção pessoal, superioridade para seus feitos, arrogância, manipulação  e falta de empatia para com os outros, sejam eles estranhos ou conhecidos.  O diagnóstico é feito através de critérios clínicos, tanto observacionais ou por meio de testes psicológicos de personalidade. Pacientes com transtorno de personalidade narcisista superestimam suas habilidades e exageram suas realizações. Eles acham que são superiores, originais ou especiais. Essa superestimação de seu próprio valor e realizações muitas vezes implica uma subestimação do valor e das realizações dos outros.   Esses pacientes estão preocupados com fantasias de grand

Mau humor constante? Tristeza contínua? Entenda a distimia

V ocê  ( ou alguém que você conhece) tem uma irritação constante? Tem uma tristeza que pode se confundir com depressão, já que este sentimento está de forma contínua?  Pois é, apesar de não muito comentado estes sintomas podem indicar uma distimia. Mas o que vem a ser este quadro?  Sabe quando o mundo parece muito cinza, o filme (série, novela, etc) nunca é legal, as músicas ficam chatas, as pessoas também te irritam.... Parece que o mundo todo está difícil.... e claro, neste ciclo, tudo tende a ficar cada vez mais negativo... Geralmente estas pessoas estão sempre descontentes e, por consequência, acabam reclamando de várias coisas e situações do dia-a-dia, o que é visto pelo outros como temperamento forte ou pessoa de difícil convivência.  A única forma de diagnosticar corretamente é por meio de avaliação psicológica ou psiquiátrica, pois não se trata de um simples mau humor ou de uma depressão comum. Este quadro pode perdurar por anos, o que acaba afetando e muito a qualidade de vida

Saibamos ser girassóis!

  Os girassóis para crescerem, procuram a luz do sol! Ficam cada dia mais felizes e formosos com a força da luz solar. Só que nem todos os dias são ensolarados... Nos  dias nublados, eles se viram uns para os outros buscando a energia em cada um de sua espécie. Não ficam murchos e nem de cabeça baixa. Olham uns para os outros, erguidos, lindos! Essa é a sabedoria da natureza! Se não temos sol todos os dias, se passamos por dias mais nublados, que saibamos ter uns aos outros... então... sejamos girassóis!!!

Já ouviu falar em luto não reconhecido?

Todos nós já ouvimos falar em luto, e a definição mais clara e simples sobre o assunto é que este é um período de dor e sofrimento causado pela ruptura física de estar com alguém. Geralmente, associamos com o falecimento de um familiar ou amigo muito querido de nossa convivência. Também vale lembrar que o luto tem um dia para começar, mas é impossível falar quanto tempo ele dura, se é dias, semanas ou meses. O fato é que o luto existe e a dor é real para quem vivencia este momento.  Podemos estender este luto para outras situações como o fim de um relacionamento seja afetivo ou profissional. Isto porque criamos vínculos, laços com o outro e também com toda aquela realidade que circunda a relação: amigos em comum, rotina diária, situações cotidianas... A falta da existência e da permanência deste hábito causa um desconforto que chega a doer na alma. E esta dor é o luto. Este sofrimento é reconhecido e validado por quem está perto de nós.  Mas o que vem a ser o luto não reconhecido? Como

A vida na tal modernidade líquida ( e a manutenção de nossa saúde mental)

A saúde mental dos indivíduos na atualidade A respeito da presente fase da humanidade, o sociólogo Zygmunt Bauman fala sobre as características do que denomina “Modernidade líquida”, definindo esta como um tempo de incertezas , no qual os indivíduos encontram-se em uma condição de obrigação de serem livres de fato. Em frase retirada de seu livro, textualmente ele pontua: "“Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”. Pois é. Essas questões sobre 'incertezas', 'durabilidade' e 'liberdade' gritam na cabeça das pessoas, afinal de contas qual a dosagem certa para manter a saúde mental em dia? O mais interessante é que não há resposta certa, uma vez que cada indivíduo é único. No entanto, a moral e a ética de cada um faz esta balança tender a um equilibrio para o nosso bem estar. A face da liberdade que poucas pessoas conseguem sustentar é a responsabilidade, a capacidade de fazer escolhas, características que tornam o ser humano um ser moral, co

Religiosidade e psicologia: um caminho possível?

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) cita em nota pública que  " não existe oposição entre Psicologia e religiosidade, pelo contrário, a Psicologia é uma ciência que reconhece que a religiosidade e a fé estão presentes na cultura e participam na constituição da dimensão subjetiva de cada um de nós. A relação dos indivíduos com o sagrado pode ser analisada pelo profissional, mas nunca imposto por ele às pessoas com os quais trabalha".  Alguns psicólogos caracterizaram as crenças religiosas como patológicas, vendo a religião como uma força social maligna que encoraja pensamentos irracionais e comportamentos ritualísticos. Apesar desta linha de pensamento de alguns psicólogos - e de incontáveis outras pessoas ao longo da história -  o domínio poderoso da religião sobre os humanos não é diminuído. A religião sobrevive e prospera por mais de 100.000 anos. Ela existe em todas as culturas, com mais de 85% da população mundial adotando algum tipo de crença religiosa. Os pesquisad