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Quando o ato de comer se torna emocional

Comer é, sem dúvidas, um grande prazer que temos. Nos encontros entre amigos, reuniões familiares, uma pausa no trabalho, uma ida ao cinema, um passeio ou mesmo entre outras atividades, sempre associamos com algo para comer ou beber. Nada de errado até então. Como disse antes, é um prazer e, por isso mesmo, ligado aos bons momentos que vivemos. A situação merece um olhar mais atento quando começamos a comer de uma forma mais 'emocional'. Oi? Sim, por vezes, não estamos comendo por uma necessidade física, mas por algum outro vazio interno. Quando comemos para saciar nosso gasto de energia diário ou de um longo período sem comer, estamos diante de uma fome real, onde eu preciso de nutrientes para recompor o que meu organismo precisa. No entanto, há situações em que diante de uma tristeza, uma ansiedade, uma tensão podemos comer sem a real vontade de comer. Explicando de uma outra forma: esta fome não está relacionada ao tempo decorrido desde sua última refeição e os tipos de alimentos que você deseja nestes momentos são biscoitos, docinhos, sorvete, ou qualquer outros petiscos mais calóricos. E é claro, você se sente mais 'reconfortado' após esta ingestão. E daí, você entra em um ciclo vicioso, pois come porque quer se sentir melhor e pode desencadear uma compulsão de comer.

Uma das razões de termos as taxas de obesidade aumentando na sociedade atual gira em torno deste hábito. À medida que a ingestão de alimentos não é mais apenas uma resposta aos sinais fisiológicos de fome que garantem a sobrevivência, mas uma recompensa em resposta ao tédio ou estresse, decorre da alta ingesta de alimentos fora do padrão comum nutricional. Mas como reconhecer esta situação? Primeiramente, é necessário reconhecer os gatilhos que desencadeam este comer compulsivo para identificar as situações em que é mais provável que alguém coma por causa da fome emocional do que física. Isto porque entendendo o seu comportamento, ou seja como você 'funciona emocionalmente', você pode compreender como são seus reais hábitos alimentares. Por exemplo, o que te leva a comer fora de hora? Por que você busca este prazer? As respostas mais usuais, mais comuns são falta do que fazer, um momento de estresse, uma depressão ou sentimento de vazio inexplicável... Segundo, após identificar os sentimentos, por que não trocá-los por outra atividade que faça bem ao corpo e ao cérebro? Assim, ao se sentir entediado, tentar cmeçar uma leitura ou aprender uma nova habilidade; ao se sentir estressado. praticar ioga , dedicar um tempo à meditação ou dar uma rápida caminhada, pode ajudar a lidar com suas emoções. Caso esteja se sentindo deprimido, ligar para um parente ou amigo, procurar itens para doação em sua casa ou se engajar em uma atividade caritativa, pode ser uma nova frente para lidar com seus sentimentos negativos.

Se ainda assim, nada surtir efeito e o ciclo continuar vicioso em torno da comida, pode ser útil conversar com um psicólogo, um médico ou nutricionista para discutir outras maneiras de quebrar o ciclo da alimentação emocional, com informações adicionais sobre como criar hábitos alimentares positivos e uma melhor relação com os alimentos.
Schnepper R, Georgii C, Eichin K, Arend A-K, Wilhelm FH, Vögele C, Lutz APC, van Dyck Z and Blechert J (2020) Fight, Flight, – Or Grab a Bite! Trait Emotional and Restrained Eating Style Predicts Food Cue Responding Under Negative Emotions. Front. Behav. Neurosci. 14:91. doi: 10.3389/fnbeh.2020.00091

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